Beirute
Sangue e lágrimas
Embora a psicanálise tenha se implantado de modo incipiente nos países do Magreb e do Levante, para mim foi sempre um grande prazer ir a Beirute e constatar quão viva era essa cidade, em virtude de uma confrontação permanente com a morte. Foram basicamente cristãos maronitas, jesuítas e leigos formados em Paris que lograram fundar alguns grupos freudianos, a partir da criação, em 1980, da Sociedade Libanesa de Psicanálise. São amizades e encontros excepcionais que me prendem a essa cidade.
Foi em 1977 que conheci Chawki Azouri, por ocasião de um congresso da Escola Freudiana de Paris. Tínhamos em comum, nessa época, a paixão pela psicanálise e éramos ambos militantes do freudismo, convencidos de que esse pensamento devia influenciar o campo social e político e que cumpria dar um fim à ideologia de “neutralidade” que colocara tantos terapeutas no caminho de um desengajamento radical, que consistia em servir-se da clínica para interpretar tudo e qualquer coisa.
(ROUDINESCO, Elisabeth Dicionário Amoroso da Psicanálise, pg. 45)