“Seja gente ou bicho, paisagem rural ou esquina do centrão da cidade, o tempo todo Anico está tratando de construir uma ode à vida. Por mais humilde e precária que a vida possa ser ou estar. O carroceiro, os cachorros vira-latas, os botecos, os gatos nos muros, a vendinha suburbana e a feira são imemoriais. Por essas não-coincidências da pátria em nada mãe gentil, eles espelham os sobreviventes que frequentam as gravuras e também, feitos de (pouca) carne e (muito) osso, o entorno do local da exposição, espraiando-se pela Praça da Sé e daí afora.
Anico Herskovits retrata com compaixão essa humanidade agarrada de unhas e dentes à vida. Miúda e marginal, a população de personagens na madeira e na tinta nos contém e nos define na teimosia do viver. São também eles que podem nos mover para fora de nós e para junto do outro fora de nós. Um movimento cada vez mais vital e urgente. ” p. 54-55.