VI. Porque Dia da Mulher é todo dia! – Mulheres no cotidiano

Anico Herskovits
Desde os anos 70 a temática social urbana da mulher ocupa lugar importante na obra de Anico Herskovits nas suas xilogravuras. Dotadas de uma paulatina e vibrante contemporaneidade essas mulheres da/na cidade vem circulando em intensas mobilidades: é o “trotoir” das prostitutas, as freguesas no armazém e na feira livre, a mulher barbada do circo, as passageiras do ônibus lotado ou nas janelas da casa “apreciando o movimento”…
Esse farto elenco de personagens femininos em múltiplas figurações, papéis sociais e inserções, está expresso em suas esplêndidas xilogravuras, nas quais podemos apreciar seu pleno domínio técnico e estético. O percurso da obra de Anico Herskovits revela a densa presença das mulheres no cotidiano nada fácil da cidade.
(Bar da Nega do zé – 1974.)

(Herskovits, Anico. Percurso Gráfico. Exposição de 2016-2017 com a Curadoria de Angélica de Morais.)

“Seja gente ou bicho, paisagem rural ou esquina do centrão da cidade, o tempo todo Anico está tratando de construir uma ode à vida. Por mais humilde e precária que a vida possa ser ou estar. O carroceiro, os cachorros vira-latas, os botecos, os gatos nos muros, a vendinha suburbana e a feira são imemoriais. Por essas não-coincidências da pátria em nada mãe gentil, eles espelham os sobreviventes que frequentam as gravuras e também, feitos de (pouca) carne e (muito) osso, o entorno do local da exposição, espraiando-se pela Praça da Sé e daí afora.

Anico Herskovits retrata com compaixão essa humanidade agarrada de unhas e dentes à vida. Miúda e marginal, a população de personagens na madeira e na tinta nos contém e nos define na teimosia do viver. São também eles que podem nos mover para fora de nós e para junto do outro fora de nós. Um movimento cada vez mais vital e urgente. ” p. 54-55.

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