III. Porque Dia da Mulher é todo dia! – O mito do amor materno

Elizabeth Badinter
 
A autora, em pleno final da década de 70, era uma disparadora das questões do feminino e da construção histórica das relações de gênero e dos papéis de gênero.
A naturalização da função social da mãe (Bio-Psico-Social) tem como pano de fundo as relações desiguais entre o Capital e o Trabalho historicamente determinado na Europa por séculos.

(Imagem: Universidade de Paris (Sorbonne) onde conquistou doutorado em Filosofia  – Pierre Metivier/Flickr)
O texto traça o longo alcance da construção histórica e social da constituição do feminino desde o final do século XVIII. O constante percurso inaugurado por esta autora no trânsito do tempo permitiu às gerações de estudiosos brasileiros a ampla qualificação do movimento feminista hoje.

(Badinter, Elizabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Tradução: Waltensir Dutra. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.)
Paraíso perdido ou reencontrado?
 
“Ao se percorrer a história das atitudes maternas, nasce a convicção de que o instinto materno é um mito. Não encontramos nenhuma conduta universal e necessária da mãe. Ao contrário, constatamos a extrema variabilidade de seus sentimentos, segundo sua cultura, ambições, ambições ou frustrações. Como, então, não chegar à conclusão, mesmo que ela pareça cruel, de eu o amor materno é apenas um sentimento, e, como tal, essencialmente contingente? Esse sentimento pode existir ou não existir; ser e desaparecer. Mostrar-se forte ou frágil. Preferir um filho ou entregar-se a todos. Tudo depende da mãe, de sua história e da História. Não, não há uma lei universal nessa matéria, que escapa do determinismo natural. O amor materno não é inerente às mulheres. É “adicional”. p. 367. 
 
“…Mas registremos, simplesmente, o nascimento de uma irredutível vontade feminina de partilhar o universo e os filhos com os homens. E essa disposição modificará, sem dúvida, a futura condição humana. Quer pronunciemos o fim do homem ou o paraíso reencontrado, terá sido Eva, mais uma vez, quem modificou a distribuição das cartas.” p. 369-370.

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