Amandine Aurore Lucile Dupin (1804-1876) nasce na cidade de Paris na conturbada França revolucionária e já adulta, casada e com filhos, passa a escrever e publicar com o pseudônimo George Sand a partir de 1832 já vivendo em Paris. De 15 de abril de 1847 a 14 de abril de 1855 escreve a História da minha vida. Este longo escrito aproveita dezenas de cadernos com memórias e reflexões escritos desde menina.
Cecília Almeida Salles escreve na orelha desta edição:
“E interessante notar como neste livro vão sendo revelados elementos pertinentes sobre sua carreira, e ainda os modos como a escritora vai construindo a sua personagem (protagonista) e o seu texto, tanto na esfera pública quanto na familiar. A sua percepção de vida nos instiga a acompanhá-la, a partir da revelação das pequenas coisas, tanto na exposição de estados da alma como na dos grandes acontecimentos históricos em que está envolvida desde seu nascimento.”
Sobre Drogas e criação literária:
“Dizem que há artistas que precisam ingerir, sem nenhuma moderação, café, bebidas alcoólicas ou ópio. Não dou muito crédito a essa acusação, e, se por vezes alguns artistas se divertem ao produzir sob o efeito de um outro inebriante fora aquele oferecido pelo seu próprio pensamento, duvido que tenham conservado ou mostrado a alguém tais elucubrações. A atividade da imaginação é bem mais excitante por si só, e confesso que jamais consegui regá-la a não ser com leite ou limonada, o que é um verdadeiro pecado para um byroniano. Em verdade, não acredito em Byron bêbado criando belos versos. A inspiração pode transpassar a alma tanto no meio de uma orgia quanto no silêncio dos bosques; mas, quando se trata de dar uma forma ao pensamento, seja na solidão do gabinete ou sobre o palco de um teatro, é preciso ter inteiro controle de si mesmo.” Pg. 453-454.